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Carta de amor ao Crush: Entre o dito e o não dito

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Oi, eu, de volta. Já faz tanto tempo que a febre de sentir não me obriga a escrever, mas, nesse momento, ela rompe em mim, me obriga a colocar em palavras o que sinto. Para explicar o que sinto preciso de um contexto, então vamos a ele. Assim como a maioria das pessoas, da sociedade atual, sinto-me preso na ideia do imediato, bem como da correspondência. Construir algo demanda tempo, mas as tecnologias são tão imediatas que queremos que as construções sentimentais respondam, no mesmo compasso. Dito isso, interesse e desinteresse são tão fluidos quanto um follow e um unfollow, é rápido, a gente quer que seja rápido. Quer mesmo? Aqui entra uma variante. Ainda que estejamos na sociedade do imediato, a depender do caso, o imediato é mal visto, soa desespero, soa carência, soa descompasso mental. Ninguém quer satisfazer a carência afetiva de ninguém, ninguém quer lidar com os problemas de ninguém. Estamos na época do empoderamento, sou gostoso, sou lindo, sou, sou, sou.

[Conto] O Manifesto: Pelo Direito dos Bobos Amarem²

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Prólogo Se se pressupõe o homem como homem e sua relação com o mundo como uma relação humana, só se pode trocar amor por amor, confiança por confiança, etc. Se se quiser gozar da arte deve-se ser um homem artisticamente educado; se se quiser exercer influência sobre outro homem, deve-se ser um homem que atue sobre os outros de modo realmente estimulante e incitante. Cada uma das relações com o homem – e com a natureza – deve ser uma exteriorização determinada da vida individual efetiva que se corresponda com objeto da vontade. Se amas sem despertar amor, isto é, se teu amor, enquanto amor, não produz amor recíproco, se mediante tua exteriorização de vida como homem amante não te convertes em homem amado, teu amor é impotente, uma desgraça . Karl Marx Em algum lugar, em um Reino tão, tão distante, havia um homem que ousou demais... O coração dele batia freneticamente, não só porque se apresentaria, aquilo também o deixava nervoso, é claro. Mas ele já ouviu muitos

[Conto] True Love: Ele deveria existir

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Era um sábado qualquer, de um fim de semana qualquer. Estava quente, mas sempre estava quente naquela cidade de merda. Ou talvez isso se devesse ao fato de que ela já havia se aproximado demais do inferno e aquilo fosse apenas ele a acompanhando. Ela voltou a pontuar novamente os prós e contras de continuar viva, pensando se deveria rezar aos céus, como costumava fazer na infância, pedindo para o seu criador retornar (naquela época "o meu criador vive" era um frase que fazia sentido, hoje, era só lixo religioso). Mas, ainda assim, rezar seria melhor que ficar calada, sendo consumida, ela já não queria que Ele voltasse pra ser feliz/ completa, agora ela queria que Ele voltasse pra poder, enfim ser livre, mesmo que isso significasse ter o inferno como opção. Ela queria, a qualquer custo, se libertar da dor de viver. Sim, porque viver dói. Talvez não em todos, ou em todos os momentos, mas dói. Agora ela já estava consumida pela dor, já olhara demasiadamente para o abi

[Conto] O Essencial é Invisível aos Olhos

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Tudo passa tão rápido na atualidade, o que de certa forma chega a ser paradoxal, se considerarmos a nossa perspectiva de vida, séculos atrás, viver quarenta anos, para um cidadão comum, era algo quase que impensável. Hoje, oitenta é algo facilmente atingível. Mas, definitivamente não é de expectativa de vida que eu quero falar e sim da sua ausência, e aqui me refiro muito mais ao sentido do que a existência. Em um mundo onde tudo passa tão rápido e que inevitavelmente passamos juntos, é terrível pensar na vida enquanto algo dotado de sentido, em você enquanto ser no mundo. É, eu sei, estou de certa forma generalizando, porém, este texto em específico, na verdade, esse blog em específico é para nós, os desajustados. E, enquanto população singular, impossível de se encaixar em alguma das camadas sociais perfeitas, para nós é terrível pensar na vida enquanto algo dotado de sentido. É impossível não pensar no significado de sentido, mas não faz muito sentido, não nesse momento

[Conto] Era Uma Vez: Porque Mergulhar nos Clichês é Permitido

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E viveram felizes para sempre. Ler isso sempre lhe acalmara o coração. Regozijava-lhe a alma, mas quem poderia julgá-lo? Quem ousaria julgá-lo? Somos preparados, durante toda a nossa infância, para o amor, ou não? Sabemos que terão bruxas que tentarão nos impedir de ficarmos com ele, mas no final elas serão destruídas e amor triunfará. Que para todos há príncipes e princesas. Quando ele percebeu que seus inimigos não eram as bruxas, já era demasiado tarde. Os dias passavam, com eles as estações, os anos, a vida, mas ele continuava lá. Acreditando que em um lugar qualquer, em um mundo qualquer, como nos livros, o amor lhe sorriria.   E ele sorriu, sorriu e foi mágico, depois de tanto esperar, quando já não acreditava mais ser possível, ele enxergou as estações, viu que a vida não era feita de inverno, que sua alma poderia ver o verão, sorrir com a primavera, se alegrar com o outono. Foi tão mágico, o fez tão feliz, o completou tanto, que ele se esqueceu das bruxas que teria

[Conto] O Manifesto: Pelo Direito dos Bobos Amarem

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O último grito, o último pulo, a última queda. As cortinas se fechariam, os risos se esvaiam e a dor viria. Esperança, medo, calmaria. No fundo lhe dava calmaria achar que era a última vez, que ali, naquela noite, tudo acabaria. Ele se curvou mais uma vez e quando se levantou... ...Não pode conter o próprio riso, como conteria? Mas que aos outros fora por ele que fizera aquilo tudo, cada palavra, cada gesto, cada queda. Absolutamente tudo foi realizado com o intuito de agradá-lo, satisfazê-lo. E ele parecia tão satisfeito. As cortinas se fecharam e com ela o seu momento de estrela se foi. A sua chance de vê-lo também, ainda que vê-lo com outro lhe trouxesse tanta dor, ainda sim, valeria apena. Escuro, úmido, frio. Não importava, conforto nenhum seria capaz de levar a dor que dominara os seus dias, que fizeram de sua alma um constante  inverno e que enchera de desesperança o seu coração. Acordou de novo aos berros, era a sétima vez  naquela noite (e não seria