Carta de amor ao Crush: Entre o dito e o não dito
Oi, eu, de volta. Já faz tanto tempo que a febre de sentir não me obriga a escrever, mas, nesse momento, ela rompe em mim, me obriga a colocar em palavras o que sinto. Para explicar o que sinto preciso de um contexto, então vamos a ele. Assim como a maioria das pessoas, da sociedade atual, sinto-me preso na ideia do imediato, bem como da correspondência. Construir algo demanda tempo, mas as tecnologias são tão imediatas que queremos que as construções sentimentais respondam, no mesmo compasso. Dito isso, interesse e desinteresse são tão fluidos quanto um follow e um unfollow, é rápido, a gente quer que seja rápido. Quer mesmo? Aqui entra uma variante. Ainda que estejamos na sociedade do imediato, a depender do caso, o imediato é mal visto, soa desespero, soa carência, soa descompasso mental. Ninguém quer satisfazer a carência afetiva de ninguém, ninguém quer lidar com os problemas de ninguém. Estamos na época do empoderamento, sou gostoso, sou lindo, sou, sou, sou.